Hoje eu não penso em mais filhos, não pelo trabalho que dá, mas por medo. Medo de passar por tudo novamente,eu tenho medo de não conseguir de novo. E eu gostaria de esquecer, ah como eu gostaria de esquecer tudo pelo que passei, esquecer a frustração, esquecer a falta de fome, esquecer as visitas na cama, e a falta dela, esquecer o meu isolamento, esquecer o choro desesperado da minha filha de fome enquanto esquentava o meu leite que estava na geladeira, aquele tirado na bombinha que eu também gostaria de esquecer. Eu ainda uso aquele sutiã que deveria me facilitar a amamentação, mas eu gostaria de esquece-lo. Esquecer o momento em que engoli aqueles dois comprimidos, os que serviam para secar meu leite, esquecer aquele leite que eu tinha em abundância. Eu gostaria de esquecer da dor da alma por falhar, para que eu não a sentisse mais, eu gostaria que as minhas lembranças fossem outras, bem diferentes das que eu carrego na memória, tão vivas como o hoje. E se eu esquecesse, eu seria a pessoa que sou hoje? Se eu esquecesse eu estaria aqui? Se as lembranças fossem diferentes eu saberia o verdadeiro significado de empatia, e mais ainda o colocaria em prática? Eu seria eu? Seria a mãe que sou? Olhando umas fotos de mães amamentando no feed do Instagram, eu me peguei pensando "aa mas eu queria tanto!". E nesse pensamento onde eu coloquei a vontade dEle, nessa vontade de esquecimento onde ficam os planos dEle? De uma coisa eu tenho certeza, eu não saberia nem de longe como me colocar no lugar de quem passa por momentos difíceis depois que os filhos nascem, são tantas! E ficam caladas, sabe porquê? Porque a primeira coisa que perguntam a uma mãe é "ainda mama?", a primeira coisa que pensam em um desabafo de alguém que precisa de apoio é "que frescura", e depois "quanta ingratidão", "tem gente passando por coisa muito pior que você". Ninguém deveria se sentir um ET numa conversa entre amigas. As pessoas precisam aprender uma coisa, RESPEITAR O SENTIMENTO DOS OUTROS NUNCA é demais!
Stefânia Acioli
@tevejomae