84,9 milhões de pessoas passando fome ou em situação de insegurança alimentar.
14 milhões de pessoas desempregadas;
11 milhões de analfabetos em 2019;
Em 2019, a taxa de jovens na universidade era de apenas 32,7%;
Em março de 2021, o preço dos alimentos já estava 15% mais alto;
Em 2019, 5,876 milhões de moradias em situação de déficit habitacional;
Mais de 220 mil pessoas em situação de rua.
Como podemos falar em saúde mental apenas durante um mês, sem que haja garantia de: saúde; emprego; igualdade social; salário digno; educação; e comida no prato; de uma parte tão grande da população, durante os 12 meses do ano?
Biopsicossocial. O conceito de saúde mental é social, econômico e político. A discussão dura o ano todo.
Stefânia Acioli
@tevejomae
É pesado, sinto a maternidade pesar quase todos os dias nas minhas costas, nos mínimos detalhes, ao mesmo tempo em que sou regada a privilégios, escola com horário estendido, casa própria, carro... Eu reclamo, ponho para fora tudo o que incomoda, principalmente através da escrita. Reclamo porque é inerente, não vou pregar uma positividade tóxica, quando o que queremos é dar um grito.
E mesmo assim, tenho consciência de que meu maternar não tem o mesmo peso que para…
A mãe preta;
A mãe solo;
A mãe em situação de vulnerabilidade social;
A mãe atípica, segurando a barra da mulher guerreira;
A mãe de uma criança preta;
A mãe que sofre violência doméstica;
A mãe de 3 que precisa deixá-los sozinhos em casa;
A mãe que escolhe entre o pão de casa e um lanche para os filhos;
A mãe que consegue terapia pelo SUS, para ela e para a o filho, mas precisa pagar o ônibus e não pode;
A mãe imigrante;
A mãe que precisa se separar dos filhos;
A mãe adolescente;
A mãe em intenso sofrimento psíquico;
A mãe que não gosta de ser mãe;
As mães lutando pelos seus direitos em uma maternidade homoafetiva.
Nenhuma maternidade é igual a outra. Mesmo em situações e contextos semelhantes. Entender isso, é dar espaço para que todas tenham voz.
Negar outras realidades e lutas, não faz com que elas deixem de existir, apenas apaga ainda mais aquelas que já são praticamente invisíveis, marginalizadas, isoladas.
A maternidade tem pesos diferentes, para pessoas diferentes.
Stefânia Acioli
@tevejomae
Foi um caos.
Em meio a gritos, choro e muito protesto, ela entrou no banheiro e ficou sentada no chão, enquanto o pai lidava com a situação. O choro dela também veio.
Em certo momento pensou que um simples abraço na criança resolveria o stress, mas ela não conseguiu levantar.
Enquanto chorava pensou “quem me abraça?”. Ela queria ser colo, mas ali, também precisava dele.
Entrou no chuveiro, deixou a água quente cair nas costas, o barulho daquelas gotas abafando os gritos que vinham do quarto. Respirou fundo, é muito querer um pouco de espaço?
Quando finalmente conseguiu sair do banheiro, deu de cara com uma criança soluçando “cadê minha mamãe?”. Mas ali, diferente de alguns minutos antes, conseguiu dar um abraço. E a tempestade cessou, as nuvens se afastaram e abriram espaço para um lugar calmo.
Ela poderia ter abraçado a filha antes e acabado com tudo logo? Não, não poderia.
Porque para ser abrigo, ela precisava estar. E, naquela noite, para estar, ela precisou de mais tempo.
Stefânia Acioli
@tevejomae