Solitária é a maternidade
Foto: Kat Jayne |
A gente perde muita coisa com a maternidade, e não estou falando das chaves, ou dos cabelos, ganhamos um filho, mas perdemos muito ao mesmo tempo. Maternidade é solitária, o puerpério é solitário. Coisas e pessoas que você julgava como importantes não são mais encaradas dessa forma. A vinda de um filho deixa claro que nem a melhor das intenções é suficiente para manter pessoas por perto, então de repente você se vê sozinha, encoberta de afazeres que nem te deixam lembrar que seria bom receber uma visita vez em quando.
Em parte a culpa é sua, é minha, porque deixamos que esses mesmos afazeres nos tirem o tempo para dar atenção a alguém ou algo que não seja nosso bebê. Sabe aquele filtro sobre o qual eu falei outro dia? Ele também serve para pessoas. A maternidade tem um poder enorme de seletividade, de coisas porque muda nossas prioridades e de pessoas porque afasta todas as que não querem mais fazer parte da nossa vida.
É com a vinda de um filho que as amizades se revelam, só fica quem realmente importa e se importa. Nós perdemos colegas, liberdade, facilidade, porque era tudo tão mais fácil antes, e ganhamos o cansaço que um companheiro para o resto da vida nos traz, alguém para incluirmos nos nossos planos, sorrisos, beijos e abraços, felicidade. Eu não disse que tudo o que a maternidade nos tirou nos fazia feliz, disse? Achávamos que sim, mas o que ela nos traz, aaaaa isso sim nos faz feliz. A maternidade nos faz perceber que muitas vezes é preciso perder tudo, para reconstruir tudo e sentir tudo o que nos faz bem de verdade. A própria maternidade é aquele filtro, ela só deixa por perto quem tem a empatia para tentar entender a nossa nova fase, a melhor fase da nossa vida.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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