“Mamãe você tá feliz?”. Essa pergunta sempre aparece por aqui, na cabecinha dela felicidade está ligada ao sorriso de canto a canto. Sabendo que nada de muito complexo pode sair como resposta, me limito a dizer que sim ou não. Se a resposta é “não”, ela automaticamente entende que a culpa é dela e continua me perguntando até que a resposta para a pergunta seja “sim”. Desde a gravidez, sempre tomei cuidado para que ela não internalizasse a tristeza que eu sentia como sendo dela. Em todos os momentos de choro fazia questão de passar a mão na barriga e dizer “filha, a mamãe está triste, mas isso nada tem a ver com você”. Hoje continuo fazendo o mesmo, sempre que a resposta é “não”, logo em seguida explico que não diz respeito a ela.
Mas o que exatamente é a felicidade? Se nem todos os meus momentos são felizes, não posso dizer que sou feliz, mas que momentos específicos me deixam nesse estado pleno. O momento em que fiz minha matrícula na faculdade de Psicologia me deixou feliz, o primeiro choro de Helena me deixou feliz porque nós havíamos conseguido passar pelos 9 meses. Minha madrinha sair da UTI em 2018 no dia do meu aniversário e comermos bolo no apartamento do hospital me deixou feliz. Minha primeira palestra me deixou feliz. Vários outros pequenos grandes momentos me transportaram para esse estado.
Consegui perceber, depois de ouvir Cortella, Karnal e Marcia Tiburi, que a euforia e o sorriso não são exatamente felicidade, mas é aquela sensação que nos inunda, como se o tempo pudesse parar naquele momento e ficar. A vida feliz não é feita com a ausência de tristeza, mas é aquela em que você pensa "bom, até aqui, com meu pouco tempo de vida, eu consegui fazê-la grande, com vários pequenos momentos de felicidade". Percebi que felicidade é, também, aquele sorrisinho no canto da boca quando chego em casa e encontro Helena e Wagner dormindo, admiro os dois, deito-me ao lado e sou inundada por gratidão. Lembro de quando sonhei com esse momento e penso “ah! Então é isso!”.
Stefânia Acioli @tevejomae