Helena trouxe para casa uma tarefinha que dizia assim "Pinte quem você é". Na folha havia dois bonecos que só se diferenciavam pelo fato de um ter o cabelo maior e usar brincos. Entendeu né? Ela precisava pintar a menina ou o menino. Interessante que o cabelinho dela em nada de assemelha ao da "menina" do desenho. Ela pintou os 2.
Recebi um comunicado sobre a festinha junina da escola. Nele dizia assim: "todos os alunos devem usar traje caipira. Meninos de xadrez e calça, meninas de vestido". Me perguntei se caso eu não tivesse condições de comprar um vestido de quadrilha, o que eu já estava pensando em fazer, ou se eu simplesmente não quisesse mandá-la de vestido, ou se ela mesma não quisesse ir de vestido, se ela não poderia participar de blusa e calça.
Eu já comentei aqui que me preocupo muito com a forma como falo com ela, tomando cuidado para não impor certas coisas que a sociedade fará sem dó. "Bota laço nessa menina, acostuma ela com lacinho". Mas gente, ela não gosta de usar laço, eu boto e ela tira, tudo bem vai sem, sem problema algum.
Deixa a sua criança escolher o que quer ser, como quer ser, como quer se vestir. Ele não precisa ter cabelo curto porque é menino, ela não precisa ter cabelo grande porque é menina. E se ele ou ela se descobre diferente do que os outros dizem que é, ou que tem que ser? Nada "tem" que ser, tudo pode ser. Dê espaço e poder de escolha, diminua dentro de casa a dúvida gigante que eles podem vir a sentir lá fora. Não espere que ela seja como você quer. É fácil? Talvez não, mas só nós podemos fazer isso por eles.
Tem coisa mais importante para você que ver seu filho feliz e amado exatamente como é?
Stefânia Acioli
@tevejomae