Esses dias uma mãe aqui do condomínio, ao ver Helena saindo para a escola perguntou como eu tinha coragem de levá-la tão pequena. Essa mesma mãe, tempos atrás disse "Ai que dó, Deus me livre botar minha filha tão cedo", Helena entrou perto de completar 1 ano e 5 meses. Mesmo sem conhecer meus motivos, ela me julgou apenas porquê não faria o mesmo.
Me disseram que Helena não estava mamando porque eu não tinha tentado o suficiente, desconhecendo o meu sofrimento.
Me disseram que meu currículo não é um currículo, sem saber o quanto eu lutei para conseguir o pouco que tenho em meio a depressão, déficit de atenção e maternidade.
Me disseram que alguém tinha sofrido mais que eu, que existiam situações piores, sem saber que não se minimiza sentimentos comparando a outros.
Me disseram que até eu conseguir o que quero profissionalmente vai demorar muito, devo focar em outra coisa. Sem saber que é exatamente isso que me deixará realizada.
Me perguntaram se eu trabalho ou só fico em casa com ela. Sem saber que ser mãe, dona de casa, pós-graduanda e esposa demanda mais de mim que qualquer outro emprego remunerado.
Perguntaram se eu me arrependo de ter sido mãe tão cedo e "parado" minha vida profissional, sem saber que isso não significa que minha vida parou.
Talvez as pessoas até saibam de tudo isso, mas considerando que fariam e sentiriam tudo completamente diferente de mim (ou não), a necessidade de mostrar a sua verdade é maior que o bom senso. É maior que a empatia. É maior que o respeito.
Uma das muitas coisas que Helena me ensinou, é que independente da minha verdade, as pessoas têm seus motivos para fazer diferente, isso porque são pessoas, sendo assim são diferentes, o que significa que mesmo que eu conheça sua situação, eu não sei os seus motivos, e mesmo que eu os saiba, sentimentos são únicos, individuais, intransferíveis.
A partir do momento em que eu consegui ver tudo isso como uma forma de crescimento, meu modo de ver o mundo mudou, ao menos eu sei o que não dizer, o famoso pense mas não fale. Eu acredito que nós somos o que carregamos, eu escolhi carregar amor e empatia.
Stefânia Acioli
@tevejomae