Olhares Diferentes
Recebi um vídeo da minha psicóloga, nele basicamente todos os atributos de uma mãe que tinha escolhido se dedicar inteiramente aos filhos por certo tempo e estava tentando voltar ao mercado de trabalho, eram colocados como o plus a mais que as empresas estariam procurando. Achei bem interessante, um vídeo realmente muito bonito, mas não pude deixar de pensar que eu não me sinto dessa forma.
Ta bom, a gente se vira nos 30, arruma criatividade onde não tem e sempre dá um jeito, mas mesmo assim eu ainda me sinto aquém das outras mulheres. Eu confesso que os últimos tempos não têm sido fáceis. Já entrei em desespero porque não consegui me concentrar na minha pós graduação e achar que o remédio para TDA de nada está servindo, já chorei mais uma vez por acreditar na inutilidade que outra pessoa atribuiu ao meu currículo. Sim, da mesma forma que a dedicação da mãe do vídeo inutilizou seu currículo, para muitas empresas que não enxergaram seu valor, e tudo que a experiência dela trouxe, aconteceu comigo.
Diagnosticada com depressão perto de chegar na metade do curso de Administração, larguei estágio e passei 1 ano em terapia e tratamento, até decidir que estava na hora de voltar ao mercado de trabalho, estava pronta. Foi quando engravidei, em meio a preparação para a apresentação do TCC Helena nasceu. Ela tinha 3 meses quando defendi minha tese. Não me arrependo nem por um minuto de ter me dedicado completamente a ela, mesmo que isso tenha significado me esquecer e esquecer meu âmbito profissional, ela era meu sonho, veio bem antes do esperado, mas é sem sombra de dúvidas meu maior presente. E mesmo quando em uma recente entrevista de emprego senti olhares diferentes, não do jeito bom, quando disse que sou mãe, eu senti e sinto que fiz a coisa certa, por ela e principalmente por mim.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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