"Tenho um bebê de 5 meses, atrasei porque estava amamentando" disse uma mãe chorando em frente ao portão fechado.
"Era SÓ se organizar" disseram os comentários.
"Era SÓ tirar leite suficiente para alguém dar na sua ausência", sem saber de como funciona sua produção de leite, a demanda do seu filho, se pega mamadeira, esquecendo que peito é fábrica, não é estoque.
"Era SÓ levar alguém para ficar com o bebê enquanto ela fazia a prova", sem saber da sua dinâmica de apoio, da disponibilidade de outro cuidador, esquecendo da dificuldade em se concentrar em uma prova do porte do Enem enquanto amamenta uma criança.
"Era SÓ não ter filho tão cedo, temos que parar de passar a mão na cabeça desses adolescentes", sem saber absolutamente nada da história dessa mulher, em que contexto seu filho nasceu, sua situação econômica.
"Era SÓ sair mais cedo, teve um ano e não conseguiu se organizar??", porque ela tem o poder de determinar o horário em que seu bebê sentirá fome, arrancar o menino do peito e deixá-lo chorando porque se atrasará. Sem saber de onde ela vem, do transporte que usa e a hora que saiu de casa.
"É mais fácil arrumar uma desculpa que uma solução" já falei e repito, FILHO NÃO É DESCULPA, É REALIDADE. Conciliar filho pequeno e estudo é muito mais que uma questão de seguir um cronograma.
E 90% dos comentários vieram de mulheres/mães insistindo em medir o esforço e a história dela com a própria régua.
Um combo de rede de apoio escassa, exaustão, doação, frustração e julgamento.