Em alguns momentos nos últimos dias eu e meu marido nos rendemos ao jogo no iPad. Porque nós também precisamos de nós. Estamos de quarentena mas a faculdade não parou e meu trabalho por aqui também não. Mas por não ser algo corriqueiro aqui em casa, já que ela só pegava em eletrônicos durante o fim de semana e com tempo bem limitado, tenho me sentido uma mãe bem mixuruca. Sabe, por muitas vezes sinto que não estou dando meu melhor, que as duas horas que ela tem passado no iPad deveriam estar sendo preenchidas com alguma coisa. .
Eu sei, tenho feito várias atividades, tenho conversado mais com meu marido, mas tem faltado paciência também. Claro que tem. Porque por mais que eu os ame, a constância tem me cansado. Eu sabia que seria assim, que sentimentos como esse viriam, isso diminui a culpa que eu venha a sentir. Porque eu também tenho praticado autocompaixão. .
Ora, sou um ser ambivalente, que odeia enquanto ama. Ter consciência disso me gera menos ansiedade. Por que eu não me trato da mesma maneira com que tenho tratado minha filha? Por que não estar disposta a me ajudar na mesma intensidade com que tenho tentado ajudá-la? Por que não me abraçar da mesma maneira como a abraço durante a crise de choro?
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Nessa segunda a tristeza bateu, o choro veio na garganta ao falar com minhas mães ao telefone. Sim, eu já passei mais tempo sem vê-las sem que sentisse tanta falta. Mas é que nas outras vezes eu sabia exatamente quando ia voltar. Tentei de todas as formas me desvencilhar dos pensamentos ruins, é isso que um depressivo aprende a fazer quando está consciente do que se passa, mas não adiantou. Não adiantou porque eu precisava sentir para só então deixar ir. Eu precisava me permitir sentir a tristeza por não poder abraçá-las, para só então elaborar meus sentimentos e deixar que fossem embora. .
Reconheça a sua humanidade nesse momento. Você vai passar pelos altos e baixos. Se abrace e se ame como você tem amado as outras pessoas. Está difícil para os outros? Está para você também. Não esqueça de você!
Autora: Stefânia Acioli @tevejomae