Foto: Leilianny Oliveira
Depois de um tempo a gente para de disputar o banco da frente com o irmão.
Depois de um tempo a gente para de tentar entrar em vaga apertada para provar que consegue. Tem uma mais folgada ali na frente.
Para de se preocupar só com o 10 pra provar que é bom aluno;
Para de precisar ler um livro por mês pra provar que é bom leitor;
Para de pesquisar a idade do vizinho para provar que na mesma época já fazia mais;
Deixa de negar ajuda, quando e se aparecer, pra provar que dá conta. Porque a gente aprende que pedir ajuda atesta nossa incompetência.
Para de viver no limite da exaustão, enquanto os outros esperam dia após dia que o superemos.
A gente passa a estudar porque gosta, segue nosso tempo, tenta não se comparar, vai no banco do carro que estiver disponível porque chegará no mesmo lugar. E isso não é se acomodar, é se enxergar.
Segue a cartilha que dá e entende que a mãe possível vai deixar algumas de lado, porque fazer o mínimo, quando se trata de maternidade, requer muito de nós, as vezes demais.
E é uma boa mãe como pode, sem negligências, mas sem esperar a falta de ar para pedir por socorro. Porque em diversos momentos o “feito” terá que ser suficiente.
Se ser limitada é ser incompetente, eu nunca preencherei completamente o currículo que prova meu sucesso materno.
Depois de um tempo, a gente para de dar tanta explicação sobre nossas escolhas, porque nos desgasta. A gente passa a fazê-las pensando na nossa própria realidade, não na que esperam que vivamos. Na corrida da maternidade não existe linha de chegada.
Stefânia Acioli
@tevejomae