Fui mãe cedo, aos 23 anos. Pouco mais de um mês depois do meu aniversário Helena nasceu. Ontem eu fiz 26 anos. Não tenho como não dizer, repetir, cresci em 3 anos o que não cresci em 23. Tá certo que com o tempo a gente amadurece mesmo, uns mais, outros menos, mas a verdade é que para mim sem a maternidade não teria sido possível. Talvez tivesse crescido de outras formas, profissionalmente, sem saber que a minha vocação seria outra, não a de formação, mas isso só descobri depois de mãe. Financeiramente quem sabe. Mas como pessoa, não.
Hoje eu sei que julgar alguém a primeira vista é inerente, não tenho como controlar, mas aprendi a brigar comigo mesma, a desconstruir o que eu crio sem saber do contexto.
Hoje eu sei desfrutar da minha própria companhia, sem precisar de alguém para me sentir bem.
Hoje eu sei apreciar ainda mais o silêncio. Entenda, eu gosto de música, tem sempre algo tocando em casa, meu perfil no Spotify é Premium, mas eu sei desfrutar do silêncio da casa vazia durante a tarde.
Do mesmo modo que sei agradecer pelo movimento. Do marido e da filha, sei admirar a gargalhada.
Hoje eu sei recuar, guardar o que não deve ser dito, dizer o que não pode ser guardado. Hoje eu sei dar voz á minha voz.
Hoje eu me ponho em lugares onde não me imaginaria, tentando entender as motivações do meu próximo. Querendo compreender realidades diferentes da que vivo, dores diferentes das que sinto.
Hoje eu aprendi a buscar objetivos a longo prazo, entendo que estou onde deveria, como deveria, nem um passo atrás.
Hoje eu aprendi a controlar a culpa, por ser vulnerável, por ser imperfeita. Não cobrar mais de mim do que posso oferecer.
Hoje eu continuo aprendendo, crescendo.
Aqui estou, com 26 anos, ansiosa pelos próximos, para saber o que está por vir. Querendo um novo ano, um novo ciclo, chegar aos 27 mais leve, mais forte, maior, melhor, pessoalmente, espiritualmente.
Stefânia Acioli