Até que...
Ela era uma criança tranquila, nasceu calminha, só chorava com fome ou algum desconforto como xixi e cocô. Mamou desde o primeiro momento, pegou o peito numa boa e mamou por mais de 2 anos, sempre em livre demanda. Não usou chupeta, mamadeira só depois de grande. Cólica? Passou longe. Quando chegou na introdução alimentar aceitou tudo muito bem, todas as frutas e legumes, continua se alimentando bem até hoje.
Entende muito bem as recomendações sobre como deve se comportar. Escândalo em supermercado? Nunca. Devolve tudo ao seu devido lugar e não pede novamente. Os brinquedos voltam para seu lugar de origem depois da brincadeira e a sala sempre dorme mais ou menos organizada.
Ela era uma criança tranquila, calma, em todos os momentos, até que nasceu.
Depois que nasceu o peito foi rejeitado, a chupeta e a mamadeira entraram em cena. Tratou refluxo com medicamento até 1 ano de idade e antes do diagnóstico chorava como se não houvesse amanhã. Cólica? Teve muita, era pontual, as 19h começava o choro desesperado. Aceitou tudo muito bem na introdução alimentar, até 11 meses. A partir daí começou a rejeitar os alimentos e com 2 anos e 10 meses seguimos na luta.
Entende as recomendações de como deve se comportar, quase sempre devolve tudo para o lugar, porque sabe que o "não" explicado da mãe é um "não" de verdade, mas é uma criança. Escândalo supermercado? Alguns, porque queria doces, principalmente. A sala pode até dormir sem brinquedos, mas o quarto já não sustenta a mesma realidade. Tem um mar de jogos, bonecas, carrinhos e outras coisas pelo chão. O berço serve de enfeite, até de depósito, dorme com os pais.
Essas são a mesma Helena, minha filha. A primeira a idealizada pela mãe, a segunda real, bem real. Ela com certeza não atende a todas as minhas expectativas, nem deveria. Nem eu, como mãe, alcancei as expectativas que coloquei em mim antes dela nascer, não cobro isso dela, não posso, não devo.
Aproveito, a genialidade, a amorosidade, a singularidade. Eu agradeço a singularidade. Entender que ela não veio para ser a concretização das minhas ideias, é construir uma relação saudável com minha filha, para toda uma vida.
Stefânia Acioli
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