Eu preciso de um tempo só meu durante o dia. Não fico bem se não puder respirar sozinha por algum tempo, todos os dias. Assim como em outros quesitos, nesse a pandemia não tem ajudado. Assim como tantas outras mães, sou solicitada 100000x durante o mesmo dia. Agradeço quando o pai chega a noite, fica com ela e posso sentar em frente ao computador.
Eu deixo de ser solicitada? Não, mas pelo menos posso dizer "peça a seu pai". O mínimo de produtividade vem porque vou madrugada a dentro.
Quem não tem parceirx com quem dividir essa responsabilidade sinta meu abraço bem forte! Eu sinto teu cansaço mental e físico daqui.
Não sou a mãe que mais gosta de brincar de boneca. Me dê coisas manuais, massinha, pintura, artesanato, origami, desenho, jogos de tabuleiro que passo a tarde brincando, mas boneca realmente não é meu forte. Faço um esforço grande para entrar na brincadeira e ultimamente é disso que ela mais tem gostado de brincar. Ou isso, ou de super heróis. Faço esse esforço porque sei o quanto o brincar é importante para seu desenvolvimento.
Tento ser o mais sincera possível, quando não estou nem um pouco afim explico a ela que naquele dia não estou bem, que preciso resolver outras coisas ou vou chamando para brincar de algo que me dê mais prazer. Tem coisa mais chata que brincar com um adulto que não se interessa pela brincadeira?
Conversei com vocês pelo story e assim como acontece em tantas outras casas, por aqui não é diferente. O tempo de tela aumentou, a impaciência também. Em alguns momentos tenho recorrido a elas quando está difícil demais. Me incomoda, mas me culpo cada vez menos.
Estou me esforçando para dar o meu melhor todos os dias. A saudade da minha madrinha quando pega me deixa em um estado em que só levanto porque preciso cuidar dela. Nesses dias a atenção que dou a ela no brincar diminui bastante. Me acolho, meus sentimentos também precisam ser validados.
Vai ser difícil depois dessa pandemia voltar ao que era em relação às telas? Provavelmente sim, mas não vou sofrer por antecipação. Um dia de cada vez.
Stefânia Acioli @tevejomae