A face de uma mãe
Essa é a face de uma mulher cansada. Que esqueceu completamente de si há quase 2 anos. Que parou tudo para viver a vida de outra pessoa. Que se formou na faculdade para ser dona de casa. Que deixou a liberdade de lado aos 23 anos. Que erra demais, se culpa demais. Que as vezes tem vontade de fugir para respirar. Que as vezes não sabe onde se enfiou, onde estava com a cabeça! Que tem dó de ver o choro mas sabe que precisa educar, disciplinar. Que sentiu a solidão bater a porta quando decidiu ficar em casa e se dedicar integralmente, inteiramente, completamente a outra pessoa. Que deu mamadeira quando queria amamentar, que teve cesárea quando queria normal, que aprendeu mais sobre a empatia e o respeito depois de muito tropeço. Que aprendeu a importância do ouvir mais, falar menos e julgar menos ainda. Que tenta ser um pouco melhor todos os dias. Que chora quando sente que não dá conta de uma casa, filha, pós, marido, escrita, leitura, mas se sente melhor quando lembra que não precisa. Que faz nebulização caindo de sono, que sofre da coluna mas não tem coragem de colocar a filha no berço sabendo que está doente, que tem duas vértebras a ponto de chegar em uma hérnia de disco mas continua dançando em frente a tv com 11,5kg nos braços. Que perde a paciência, que não é perfeita e sabe bem disso.
Essa é a face de uma mulher cansada. De uma mãe cansada. De uma mãe que agradece todos os dias por todos os apertos, pelo tempo que não tem, pelo pensamento longe quando está longe, pela dor na coluna e as dores de cabeça. De uma mulher feliz, de uma mulher que mesmo faltando tanto se sente completa. De uma mulher que trocou o seu nome pelo "mãe de Helena". É a face de uma mãe cansada. De uma mãe que ama. De uma mãe feliz. Essa é a face de uma mãe. Realizada.
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