Impaciência
"Não mergulhe no mar da impaciência, ou terá que nadar contra a ira turbulenta. Não queira fazer isso e ao mesmo tempo fazer aquilo. Nem queira estar aqui, e no mesmo instante estar ali. Ao final não vai fazer nada nem ir a lugar algum... Fuja do desassossego. Abandone a impaciência, caminho para irar-se. A ira tumultua sua mente e contamina seu sangue: seu coração irá pagar por algo que não fez. Apascente-se! Se alguém, de repente, estraga seu projeto, você se desinquieta e a raiva lhe domina. Sua razão queima no fogo da emoção e seu equilíbrio entra numa dança louca. Sorria! Sorrir descarrega a tensão, deapolui os nervos, alegre o espírito. Retire seu olhar irado. Grite em silêncio. Tome um gole de equilíbrio e recomece com alegria do ponto de origem." Inácio Dantas.
Um dos maiores erros de uma mãe é achar que tem que dar conta de tudo o tempo todo. Quantas vezes nós não deixamos de sair porque tínhamos que deixar a casa arrumada? Porque nosso lazer pode esperar, mas a limpeza da casa não. Quantas vezes eu ja deixei de sair com Helena para passear porque passei a tarde lavando prato, arrumando casa, juntando brinquedo...? A frustração toma conta de mim várias vezes na semana, simplesmente porque eu sou humana, e uma vez ou outra eu quero deixar a cozinha esperar e sentar no sofá por 20 minutos enquanto ela dorme a tarde, então quando ela acorda faço as coisas correndo e me culpo por ter me dado um pouco de descanso, afinal aqueles 20 minutos teriam feito uma diferença enorme nos meus afazeres.
Junto com a frustração vem a impaciência, que toma conta de mim e eu desconto em ninguém menos que eu mesma. Porque se eu perco a paciência com Helena e solto sem querer o nome dela com um grito, quem sofre sou eu, ela esquece daqui a pouco, mas eu fico remoendo aquilo dentro de mim. Se eu peço por tudo que ela durma a noite para que eu vá terminar de limpar a casa, ela dorme, e quem se culpa sou eu. Ela sente a impaciência da mãe, mas dentro de mim a impaciência traz uma série de emoções tão fortes que muitas vezes escorrem pelos meus olhos, e eu choro.
Eu peço perdão a ela por ter perdido meu controle emocional, mas o perdão deveria ser pedido a outra pessoa, a mim mesma, por ter pedido para não sentir o que senti no puerpério, por me cobrar tanto e me culpar mais ainda, por esquecer que eu também existo e que Helena mesmo sendo o centro do meu mundo, não é o mundo, por me anular a todo tempo e o tempo todo, por deixar a impaciência me levar e elevar meu grau de ansiedade que não é baixo, e mesmo sabendo e tendo consciência disso tudo, exigir mais do meu emocional do que ele pode me oferecer. Cadê o meu equilíbrio? Eu vivo tudo demais, eu sinto tudo demais, no final não me respeito, não respeito meu corpo, não respeito meu espírito, no final o que falta é a paz interior. E ela faz falta viu, e muita.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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