Imperfeitas demais
Há algumas semanas mandei essa foto para meu marido. Pouquíssimo antes dela, Helena teve uma explosão tão grande para não almoçar que eu não aguentei. Logo depois ela me pediu colo, coloquei e enquanto conversava com ela sobre o que tinha acontecido eu desabei, contei sobre meus sentimentos, como eu estava me sentindo naquele momento, eu disse que a entendia, mas que eu estava cansada demais. E eu estava mesmo. Essas lágrimas têm peso.
Essa não foi a primeira vez, sei que não será a última. Mães também choram. Mães choram e não é pouco. No escuro do quarto colocando o filho para dormir, no banheiro enquanto procura 1 minuto de sossego, na cozinha enquanto prepara mais uma refeição. Mãe chora perguntando-se onde errou, como pôde deixar as coisas fugirem tanto do controle. Mãe chora porque a carga que carrega nos ombros é pesada demais e não é só dela. Mãe carrega uma carga que não é dela.
Mãe passa longe de ser a figura idealizada, é imperfeita demais para isso. A gente perde a linha e grita, sem querer manda um "cala a boca pelo amor de Deus!". Logo depois pede perdão como se tivesse cometido o maior crime do mundo. Mãe segura o choro do cansaço emocional com medo do filho sentir-se culpado. Diz o "não" querendo dizer o "sim", escuta do filho um "eu te odeio" e mantém-se ali, pronta para recebê-lo de volta, sem amá-lo nem um pouquinho a menos.
Escuta um " eu já falei! Será que eu vou ter que repetir 1000x??" lembrando de todos os porquês que um dia respondeu. Mãe toma as dores, e pesa, aquele tal cansaço emocional pesa. Por isso mãe chora.
Soltar a mão dói, ver voar dói.
Então chora, chora e coloca para fora tudo o que não faz parte de você, enxuga as lágrimas, levanta a cabeça e recomeça.
Tudo bem, somos imperfeitas demais.
Reais demais.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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