O colo de mãe em silêncio
Assistindo um vídeo onde o pai senta ao lado do filho que chora, em silêncio e o abraça quando a criança pede seu colo, pensei em todas as vezes que faço o mesmo com Helena.
Pensei nos momentos em que sentei no chão e esperei a procura pelo meu colo, com lágrimas em meus próprios olhos mas sabendo que devia esperar. Mesmo com a vontade absurda de abraça-la o mais forte que posso, de falar que estava tudo bem, espaço foi o que ela encontrou.
Espaço. Enquanto ela chora jogada no chão, grita e da socos no ar, contrariando o que eu sempre achei que deveria fazer, sento ao lado e espero. Estendo os braços quando acho que já é hora, e os recolho para repousar quando vejo que ainda não é o momento dela. Ali eu tenho vontade de gritar " FILHA DEIXA EU TE AJUDAR!", mas não o faço, porque aquele momento não é meu.
Ali eu não possuo o controle que gosto de ter. Mas eu sei que nesses momentos exalo amor. E quando chega o momento ela vem, abre os braços e vem. Eu a recebo e me faço ninho. Para frente e para trás, para frente e para trás... Nossos corpos balançam juntos, numa dança sincronizada enquanto nossos batimentos também se sincronizam e ficamos ali, sentadas no chão, mãe e filha, num colo e acolhimento mútuos, sentindo tudo o que não cabe em um só abraço.
Eu gostaria de fazer mais. Mas ali, mesmo em silêncio, dou tudo de mim. E é suficiente.
Stefânia Acioli
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