Você não está sozinha!
Quando Helena tinha dias de nascida, eu recebi
visitas na cama e lembro de uma delas dizer que não queria engravidar
naquele momento, eu lembro como se fosse ontem de ter dito assim "está
certa, não tenha filhos". Eu não falei isso ironicamente, pensando o
contrário, eu falei de verdade, eu falei porque estava sofrendo. Naquela
época era tudo o que passava na minha cabeça "para quê?", para quê eu
tive filho, por quê? Eu não consigo nem em sonho mensurar o tamanho da
dor e da angústia que eu sentia naquele momento, eu não consigo mensurar
o peso da dor emocional que escorria pelos meus olhos dia e noite, eu
não sei explicar o tamanho da minha vontade de fugir, morrer, qualquer
coisa, menos sofrer daquele jeito.
Eu não me incomodava com os pontos
doloridos da cesária, eu só queria sair dali, arrancar do meu peito
aquela angústia terrível que eu sentia. E não, eu não tive alguém que
entendesse o que eu estava passando para conversar. Meu marido foi
fundamental me apoiando o tempo inteiro, mas ele desconhecia aquela
angústia, ele nunca a sentira, então não poderia me ajudar mais, eu me
isolei. Hoje eu sinto a dor das mulheres que conversam comigo por
direct, eu sinto a dor delas enquanto tento de alguma maneira amenizar
tanta tristeza.
Por que não falamos sobre a depressão pós-parto? Por que
mulheres ainda são vistas como fracas, sem fé e ingratas, quando na
verdade só estão precisando de alguém que olhe no fundo dos seus olhos e
enxerguem o desespero de quem clama por ajuda? Por que falta tanta
empatia? Por que tantas mulheres têm que passar por isso sozinhas? Por
que? Eu vou continuar batendo na tecla e dizendo VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHA!
Não está sozinha, me chama, conversa comigo, mas não se isole como eu
fiz.
PROCURE AJUDA! Procure um profissional que te ajude, com medicação
ou não, mas procure ajuda profissional.
VAI PASSAR! Eu sei o quanto é
difícil enxergar um futuro na maternidade quando o que você mais quer é
arrancar o coração fora e fugir, mas eu juro que vai passar, vai passar e
você conseguirá enxergar beleza na vida outra vez, mas procure ajuda!
E
o mais importante, A CULPA NÃO É SUA! Eu lembro de me culpar
amargamente por ter adoecido, de me culpar todos os dias por ter ficado
tão doente a ponto de não conseguir continuar na luta para fazer Helena
pegar meu seio. A culpa não é sua, você não é ingrata, você não é fraca,
você não ama menos seu filho, você não é menos mãe. Não é fé que te
falta, não é Deus que te falta, na verdade talvez essas sejam as duas
coisas que ainda te mantém de pé. Não tente se fazer entender, você não
vai conseguir colocar em palavras o que está sentindo, pelo simples fato
de você mesma se desconhecer, e nem você mesma se entender. Eu sei, eu
passei por isso, e luto contra todos os dias. Tenta, pelo menos por um
instante não dar ouvidos á críticas, não dar ouvidos a palpites, não dar
ouvidos a nada que não seja o barulho do seu coração. Me manda um
email ( stecacioli@gmail.com ), mas não sofra calada, eu estou aqui por você.
Beijo enorme no seu coração.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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