A mãe que eu gostaria de ser
Talvez eu não seja a mãe que gostaria, talvez eu não seja a mãe que deveria. Eu não acordo feliz pela manhã as 7h, eu tento, mas não consigo, mas mesmo assim eu dou bom dia e um beijo nela. Eu perdi a paciência com ela insistindo em colocar o dedo na tomada do telefone, mas juro que depois dei um beijo e falei calmamente que não pode, como eu já tinha feito 100 vezes antes. Eu soltei um palavrão na frente dela, mas juro que me arrependi e não falei mais. Eu pedi por tudo que ela parasse de tirar a chupeta da boca e dormisse logo, eu só queria tomar um banho, mas ela dormiu e eu não consegui solta-la. Eu deixei a fralda encher demais e vazar, mas eu juro que tratei de trocar na mesma hora e deixá-la sequinha. Eu disse que ia acordar cedo para passear na praia, não consegui, dormi mais um pouco, mas eu juro que no calor do verão eu enchi a piscina de plástico na varanda de casa. Eu a deixei com o pai e saí a noite, ela chorou sentindo minha falta para fazê-la dormir, mas eu juro que mandei uma mensagem para saber como ela estava. Eu a deixei cair da cama por descuido, mas eu juro que corri para acalmá-la nos meus braços. Eu fechei os olhos e contei até 10 quando sentei com meu jantar na mesa e ela acordou, às 22h, mas eu juro que mesmo assim larguei tudo e fui nina-la novamente na cadeira de balanço. Eu perdi a paciência 10 vezes no dia, mas eu juro que por 15 vezes eu disse que a amava, nesse mesmo dia.
Eu reclamei do meu corpo, dos rastros que aqueles 16kg me deixaram, mas eu juro, eu juro que olhei pra ela e agradeci, eu juro que eu agradeci. Eu sei que não sou a mãe que gostaria, eu sei, mas será que essa mãe, se pudesse, existiria? Então provavelmente eu sou a mãe que deveria, a mãe que ela precisaria e amaria, se eu fosse a mãe que eu gostaria.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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