Direto na nossa memória
Na festinha de São João da escola, Helena parecia precisar mais de colo que o costume. Talvez fosse o sono, cansaço, não sei, mas fato é que ela não desgrudava. Pensei "ela não vai dançar". Eu já estava pronta para dizer a ela que tudo bem, não precisava dançar se não queria, ficaríamos assistindo os amiguinhos, quem sabe ano que vem.
Na hora da apresentação, Wagner a pegou e entrega á tia Dani, sua professora da escolinha, a quem ela mantém um carinho enorme, diga-se de passagem. Falarei sobre essa relação de confiança depois. Lembrei de um texto da Rafa do @a.maternidade que li ontem sobre a visão das crianças quando se apresentam. Deixaram de ver os sorrisos que víamos dos nossos pais e passaram a ver telas e mais telas, que não sorriem, não aplaudem, de maneira alguma interagem.
Já vinha refletindo sobre isso há um tempo, o texto dela foi o impulso que faltava para não pegar no celular no momento da apresentação. Perdi as contas de quantas vezes ela procurou o meu olhar ou o do pai. Então fui olhar no vídeo que o pai gravou, 12. Foram 12 vezes! E as 12 eu estava olhando diretamente para ela, dançando e cantando junto. Foi simplesmente maravilhoso!
Quantos momentos estamos perdendo? Hoje se alguém me perguntar como foi a apresentação eu saberei dizer, puxar diretamente na memória, sem a necessidade de puxar o celular para mostrar. Como diz @joutjout, a fotografia está tomando conta da nossa capacidade de dizer como as coisas e pessoas são sem mostrar, sem pegar o celular.
De maneira alguma fotografar e filmar é ruim, só não podemos deixar que tomem o lugar dos nossos olhos e dos nossos aplausos.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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