Mãe e filha descobrindo o mundo
No estacionamento do condomínio, entro no carro para guardar uns papéis enquanto Helena me espera em frente a ele. Questão de segundos, saio para colocá-la na cadeira.
-Mamãe, ucê vai uzinha não!
- Eu sei filha, você vai comigo...
- Mamãe, ucê iqueceu eu! Ucê iqueceu eu mamãe!
Com quase 3 anos, eu fico abismada com o entendimento dela acerca das coisas que ocorrem ao redor. É interessante (e engraçadinho diga-se de passagem) ver como ela encara o corriqueiro.
Há mais ou menos 1 mês e meio, uma das avós dela se internou. Ela estava no momento em que a ambulância chegou. Assim que cheguei para buscá-la, ela me contou que a ambulância tinha ido, a cama (maca) tinha ficado na sala, os médicos tinham ido correndo para o quarto... Enfim, contou que vovó estava no hospital porque estava dodói. Como subestimamos nossos filhos! A capacidade deles de ouvir, entender, responder e replicar o que aprenderam. A capacidade deles de nos ensinar. Já perdi as contas de quantas vezes achei que ela não estava ouvindo e de repente ela repete o que falei.
Tenho o hábito de contar a ela como será o dia desde que saiu da barriga, literalmente. Sempre contei o que faríamos, como, onde e porquê.
A capacidade dela de observação é também interessante. Me vendo dirigindo, lá da cadeira dela, são incontáveis as vezes em que ela pergunta: "o que foi mamãe?", sempre que mudo o semblante ou falo (xingo) alguém baixinho. "O que você está vendo mamãe? O que foi?", são perguntas feitas várias vezes por dia.
Fico só aqui imaginando quando a fase dos porquês chegar, vamos ter que nos virar nos 30 para responder as perguntas mais simples do mundo (entendedores entenderão). As vezes me sinto conversando com um adulto, que não aceita qualquer resposta quando se trata de conhecer o mundo. "Tá escuro, é hora de dormir né mamãe?" É filha, quando o sol nascer nós voltaremos a descobrir o mundo, juntos.
Stefânia Acioli
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