Amor de mãe não cura tudo
Do dia em que a gente renasce, seja na maternidade ou na porta de uma casa de acolhimento, é inevitável sentir medo. Medo pela responsabilidade incomparável que é criar outro ser para fazer a diferença. Serei capaz de diminuir as suas lacunas? Recarregá-lo com amor todos os dias?
Com o tempo a gente para, olha para trás e se pergunta como fomos capazes de chegar tão longe. A maternidade não limpa todas as nossas feridas, mas tem o dom de trazê-las á superficie para que possamos curá-las.
Amor de mãe não é o que dizem por aí, ele não resolve tudo, não apaga tudo. Revigora, pode ser capaz de reestabelecer o equilíbrio. Para além das batidas do coração, capazes de estabelecer um ritmo junto ás do filho quando o acolhe em um abraço, ele tem cheiro, tem sabor, tem firmeza.
A maternidade é permeada de dúvidas, nem sempre sentimos orgulho da forma como levamos os dias, mesmo sabendo que o melhor foi dado em cada momento. Isso porque para a mãe a figura associada é a de Maria, mas não sinto em informar que a santidade não vem no pacote dos filhos.
Maternidade não é sinônimo só de leveza, pode ser muito pesada e na maioria das vezes o é. Entenda, eu não estou falando dos filhos, estou falando do ser mãe, não são eles que trazem peso, é a bagagem que vem junto, a bagagem interna e a externa. É a experimentação de sentimentos que batem de frente, causam conflito, frustração, isso porque ser mãe não anula o ser mulher, mas acredite quando eu digo, que isso nem sempre é fácil de entender.
Não é temporária, nem sinônimo de amor incondicional. Não se assuste, somos humanas. É que a imagem da guerreira também nos cansa. É injusto vestir essa capa.
Mas eu não posso deixar de te dizer que esse lugar não é o paraíso, mas para quem o visita e o experimenta, pode ser um dos melhores lugares do mundo ❤️
Stefânia Acioli @tevejomae
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