Foto de AV
Existe uma construção social estabelecendo que: certos tipos de trabalho devem ser feitos por homens, enquanto outros são mais bem realizados por mulheres. Ou seja, seu sexo biológico e o gênero designado no nascimento definem que espaço você pode/deve ocupar.
Dessa forma, os trabalhos que envolvem cuidado são designados às mulheres, majoritariamente; sejam remunerados ou não, no espaço doméstico/privado ou no público. Construiu-se a ideia de que elas são biologicamente melhores nesses papéis: pela delicadeza, paciência, amabilidade, “instinto” etc.
Aqui incluímos a maternidade compulsória, a quantidade abundante de mulheres em profissões como: enfermagem, babás, cuidadoras de idosos, empregadas domésticas, professoras da educação infantil...
Aos homens são designadas atividades de provimento financeiro, enquanto são liberados de tarefas envolvendo cuidado, aumentando, assim, a sobrecarga e, consequentemente,
o adoecimento feminino.
Dentro dessa divisão sexual do trabalho entre homens e mulheres, temos outro recorte, dessa vez entre mulheres.
Quais mulheres ocupam quais locais de trabalho? Para que uma mulher trabalhe fora, ou com trabalhos externos mesmo que em regime de home office, muitas vezes outra pessoa precisa cuidar da casa e das crianças, enquanto estas não estão na escola.
Quem é essa pessoa? Em sua grande maioria, são outras mulheres, negras e pobres. É uma categoria de trabalho designado a mulheres com menor grau de escolaridade, vivendo em situação de vulnerabilidade social.
Aqui temos outro recorte: predominantemente mães solo; que deixam seus lares e seus próprios filhos para realizar esse papel em outra casa, com os filhos de outras pessoas.
Quando pensamos que o trabalho de cuidado/doméstico é indispensável, e, quando reconhecido, é mal remunerado e desvalorizado, entendemos um ciclo permanente se retroalimentando.
Famílias que, com baixa renda, permanecem nesse lugar vulnerável por gerações, sem condições de dedicação a outras atividades não remuneradas (como uma formação acadêmica, por exemplo), para terem a possibilidade de ocupação de outros espaços, que remunerem melhor, e, consequentemente, suprirem suas necessidades básicas e gozarem de uma vida mais confortável.
A divisão sexual do trabalho é um dos elementos que auxiliam na perpetuação de uma desigualdade social crescente, que parece não ter fim.
0 comentários