Confiar: acreditar na verdade das intenções
Ela caiu e "abriu" o queixo. Fomos pro hospital porque eu sabia que não tinha sido um corte qualquer, o cirurgião confirmou, 2 pontos. Desde que teve que fazer exame de sangue ela não confia em pessoas de jaleco, acho que nenhuma criança de 1 ano confia. Enrolaram ela como um pacotinho. 2 enfermeiras e eu segurando, enquanto ela chorava, aquele choro de medo sem fim, estava anestesiado mas ela estava assustada. Eu vi a agulha, eu vi o medo nos olhinhos dela, e eu passei o tempo todo conversando, "filha, olha pra mamãe. Filha eu estou aqui. Eu entendo seu medo mas já acaba. Não se preocupe, eu entendo que você está assustada, mas é para o seu bem". Não menti, em nenhum momento, não sou adepta do "não vai doer", porque se vai doer e eu sei, enganá-la não é a melhor maneira. Acabou e ela só dizia "mamã, mamã, mamã".
Mas o que me deixou mais impressionada foi o fato de eu não ter chorado, não ter me desesperado, muito pelo contrário, acho que até a enfermeira se impressionou com minha calma. Hoje lembrando me dá um aperto no coração, me dói, dá aquele nervoso que eu acho que deveria ter sentido na hora, mas não senti. Alguém me explica de onde vem essa força? Como a natureza é maravilhosa, hoje eu entendo o tanto de coisas que mães e pais são capazes de fazer pelos filhos. Como ela controla nossos impulsos, ou os solta quando necessário. Eu gostaria de ter trocado de lugar com ela, é claro. Eu sei que nessas horas muitos pais não conseguem ficar na sala, mas não seria pior se eu não estivesse lá? Para abraça-la assim que o procedimento terminou? É o amor. Na frente dela ele me traz toda força, calma, e destreza que eu preciso para fazê-la confiar em mim, em todos os momentos da sua vida. Eu não menti, eu disse que não sairia de perto dela até acabar e não saí.
E acabou.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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