Depois a gente compra!
Uma cena me chamou atenção, um homem com algumas crianças pediu uma porção de batata frita, as crianças amaram, mas ele não comeu. Não sei se por falta de fome ou porquê aquilo era tudo o que ele tinha no momento, mas o fato é que me despertou para o quanto somos capazes de abdicar para ver nossos filhos felizes. Nunca precisei escolher entre minha comida e a de Helena, mas eu sei que escolha faria, sem nem pensar duas vezes. Não trabalho e o dinheiro em casa é bem curto, mas aqueles R$10,00 para colocá-la na piscina de bolinhas que ela ama, ou aqueles R$20,00 no shopping para ter 2 fotos dela no cenário de Páscoa foram tão bem pagos que eu faria novamente. Se algum dia me falta dinheiro no momento do lanche, por esquecimento mesmo, provavelmente eu não estarei com fome, eu direi isso a ela.
Quanto vale a felicidade dos nossos filhos? Até que ponto nós vamos para ganhar um sorriso? Muitas vezes amamos tanto, vamos tão longe e nos perdemos, damos mais do que precisam, damos tudo o que a gente não teve, depois não sabemos porquê eles crescem querendo mais do que a gente pode dar e proporcionar, sem dar valor ao que realmente importa. Minha mãe me deu e continua dando tudo o que um dia achou que nunca poderia ter, mas eu aprendi desde cedo a aceitar quando não dava, ouvi várias vezes "depois a gente compra", mas de alguma forma eu sabia que não viria e eu não insistia, para mim "não" sempre foi "não", e mesmo que todo mundo tivesse o celular da moda e minha mãe pudesse comprar eu não ganhava, era desnecessário, eu queria, mas entendia.
Espero conseguir criar Helena assim, com os pés no chão, porque mesmo que ela voe de vez em quando, vai saber voltar e entender que o material nada vale se ela tem sem ser. E quanto áquele homem, o meu muito obrigado por me mostrar o valor de uma porção de batatas quando é ela que arranca um sorriso dos nossos filhos.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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