Mais mãe, menos mãe
Eu lembro que quando estava perto de parar de amamentar para iniciar meu tratamento contra a depressão pós-parto, em sofrimento perguntei ás minhas amigas "vocês acham que eu serei menos mãe por isso?", elas responderam que com certeza não. Depois perguntei à minha madrinha, minha segunda mãe, e ela disse "nem você nem sua irmã mamaram, você nos considera menos suas mães por isso?". Caiu como uma bomba em cima de mim, como eu podia perguntar isso á duas pessoas que nos escolheram, literalmente, para amar, acima de qualquer coisa e qualquer pessoa?
Naquela época, amamentar era tudo o que eu mais queria e ver Helena rejeitar o peito foi como se me diminuísse perante todas as outras amigas que estavam amamentando seus bebês. Até que eu escutei "Stefânia, a maternidade não gira em torno da amamentação". Pronto, era o que eu precisava para tomar fôlego e começar meu tratamento, pensando em todas as outras coisas que até o momento eu era quase incapaz de fazer, sim, porque levantar era cada dia mais difícil.
Perto do seu aniversário de 1 ano, eu sentei ao lado do berço onde ela dormia e chorando pedi perdão, por não ter sido a mãe que deveria quando ela nasceu, por no auge da minha depressão ter deixado ela com as pessoas de casa e ido dormir porque eu só queria fugir, correr, morrer, acordando horas depois e tomando consciência de que ela não tinha dormido e ninguém mais sabia o que fazer. Até que eu a peguei, deitei no sofá com ela em cima da barriga e nós dormimos juntas. Mãe e filha, sem peito.
Não, não era do meu peito que ela precisava, era de mim! Da mãe por inteiro. Era do meu colo, do meu carinho, do calor da minha barriga, da voz cantando as músicas de ninar que ela dorme ouvindo até hoje, com seus 14 meses de vida, que ela precisava. Esse foi o primeiro passo para eu reconhecer que nunca foi meu peito, sempre fui eu.
Stefânia Acioli
@tevejomae
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