Exposição
"Você é muito corajosa de falar abertamente sobre sua depressão, suas experiências... Parabéns".
"Mas você fala assim na lata que faz tratamento contra a depressão? Parabéns viu".
Já ouvi algumas frases desse tipo. Infelizmente depressão, depressão pós-parto, maternidade não romantizada ainda são tabus. Tomar antidepressivos, ansiolíticos, frequentar psicoterapeuta, tudo isso causa estranheza, as pessoas julgam, é frescura, é vitimismo, quer aparecer. Quando isso acontece a pessoa cala, guarda para si o que poderia e até deveria, porque falar é terapêutico, externalizar. A vergonha toma a frente e para evitar certos tipos de comentários e olhares, o depressivo se fecha. Ele sofre sozinho e calado.
A mãe que não conseguiu amamentar se fecha, porque se ela resolve falar sobre suas dificuldades e desmistificar o romantismo, quer atenção, está fazendo terrorismo, foi incapaz, não tentou o suficiente. Ela se cala. Ela se fecha. Ela sofre.
A única coisa que eu posso dizer é que eu não tenho vergonha de quem sou. Você não deve ter vergonha de quem é. Fale, escreva, externalize, se expresse da forma que achar melhor, mas não guarde. Eu falo do meu puerpério difícil, que não comi, que queria morrer, que sofri para que outras mulheres passando pela mesma situação tenham esperança, porque se hoje eu posso falar aqui com vocês é porque estou superando todos os dias. É porque passa. Eu te juro, passa.
Eu me exponho sem a menor vergonha de me mostrar para que a gestante não pense só numa maternidade idealizada, é lindo mas pode ser difícil. Por que eu deveria ter vergonha do que só me fortalece como mãe, mulher e principalmente como pessoa? Por que eu teria vergonha de falar e incentivar a empatia, a sororidade?
EU NÃO TENHO VERGONHA DE QUEM SOU, NÃO TENHO VERGONHA DAS MINHAS EXPERIÊNCIAS. A PARTIR DELAS ME FORTALEÇO! Não me envergonho de ser imperfeita! O mais importante não é a experiência em si, mas o que você tira dela. Eu quero que a mulher que se identifica comigo sinta-se acolhida. Só sou quem sou hoje pelo que vivi e sigo crescendo, aprendendo e compartilhando até o momento em que minhas palavras ajudarem uma única pessoa que seja. Eu te vejo mãe! Eu te vejo mulher!
Stefânia Acioli
@tevejomae
0 comentários