Para a mãe de um autista
Glória, uma amiga que o grupo de mães de Setembro de 2016 me deu. Nathan, seu filho mais velho, diagnosticado com transtorno do espectro autista.
Na primeira reunião de pais da escola nova ela levou um material contando quem ele é, falando sobre autismo e distribuiu entre os pais. Hoje, fez lindos chaveiros de lembrancinha para as crianças da escola, conscientizando sobre o autismo. Se tem caminhada em prol da conscientização do autismo ela está lá. Se tem material sobre o assunto ela faz questão de divulgar. Por quê ela faz isso? Preconceito. Ela faz tudo isso porque em pleno século 21, seu filho tem de conviver com a intolerância, desde pequeno.
Glória se deixa de lado 1, 2, 3, 4 e quantas vezes forem necessárias pelos filhos. Tirou a carteira de motorista e se aventura mesmo com medo para levá-lo nas terapias, não são poucas. Dói nela, eu sei que dói, quando vê na câmera da escola seu filho sozinho na mesa. Inclusão? Só no papel, na real ela não existe. Não em todo lugar, quase em lugar nenhum.
Ela chora, ela reclama, não como qualquer mãe, mas como a Glória, forte e guerreira, que suporta uma carga tão grande que muitas vezes nem ela se acha capaz de tanto. Deixa a própria saúde de lado e ama. Acima de tudo ela ama.
Ela não está sozinha, não não está! E as tantas Glórias por aí que sobem chorando para o quarto porque o filho foi discriminado no parquinho? E as tantas Glórias que recebem um abaixo-assinado convidando o filho a se retirar da escola? E as tantas Glórias que se reinventam todos os dias? E as tantas Glórias que carregam nos ombros o preconceito, se fazem de escudo e abraçam seus filhos com asas de anjo?
E as tantas Glórias que amam? Eu já disse a ela e digo aqui, vocês são foda! Meu mais profundo respeito e admiração por cada Glória desse mundo. Porque olha, se tem uma coisa que elas me ensinam sem nem saber é que o abraço delas se estende, sororidade entre mães em meio às dificuldades. Sororidade.
Empatia, entendendo seu filho com uma visão diferente do mundo, no seu mundo azul.
Stefânia Acioli
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