A mudança na transição capilar
Não tenho gostado do que tenho visto no espelho. Esse ano decidi por uma mudança brusca em mim, não foi planejado, não foi algo que amadureci ao longo de 1 ou 2 anos, eu simplesmente decidi e comecei. Aliso meu cabelo desde sei lá que idade, eu realmente não lembro do meu cabelo sem alisamento, e agora estou em processo de transição capilar.
Cabelo cacheado numa turma de muitos cabelos lisos, numa casa onde a única cacheada era eu, me rendi, muito cedo, ás imposições da sociedade que dita um padrão de beleza não correspondente á realidade de muitas. Foram anos ouvindo piada sobre meu cabelo, era armado demais, cheio demais, feio demais. Até que me rendi e tentei me encaixar.
E aí, muitos anos mais tarde veio minha filha, me disseram "já pensou se nasce com o cabelo igual ao teu? Se prepare para gastar muito com alisamento", e pior ainda, eu concordava. Então ela chegou, e mais uma vez mudou minha visão sobre isso e sobre mim.
Todos os dias eu a elogio de várias formas, uma delas é lembrando que os cachos dela são lindos, do jeitinho que são. E a minha progressiva parou de fazer sentido. Comecei a me questionar qual a lógica de cuidar para que ela se aceite como é, quando eu alisava meu cabelo, não por prazer, mas para me encaixar. Entenda, não estou dizendo que se você alisa o cabelo porque realmente gosta dele liso, tem que parar porque seu filho tem cabelo cacheado, não é isso. Só estou dizendo que ela foi o que faltava para eu parar de fazer uma coisa que de alguma forma apagava quem eu sou.
Aqui estou, com uns 7 meses de transição, me achando ora feia, ora horrorosa, a autoestima lá embaixo, mas animada com o que está por vir e os cachos que estão aparecendo.
Sinto que terei dificuldade em me reconhecer com o cabelo natural, ao mesmo tempo em que espero uma sensação de liberdade sem tamanho e pela primeira sinto que serei eu.
Stefânia Acioli
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