O amor da maternidade no colo em silêncio
Tenho percebido que Helena está mais grudada, pedindo muito colo, querendo minha companhia o tempo todo. Nessa sexta enquanto arrumava meu quarto ela se aproximou, pediu a chupeta e disse que queria dormir. Pedi para que deitasse na cama e cochilasse até eu terminar, mas ouvi que tinha que ser no colinho. Ela queria dormir mas tinha que ser naquele lugar especial, naquele ninho disponível por tempo indeterminado. Embaixo da asa protetora que ela conhece bem.
Queria assistir televisão mas tinha que ser no colinho. Queria passear com o cachorro mas tinha que ser no colinho. As mãos ficaram no ar muitas vezes durante o dia, daquele jeitinho que ela sabe chamar.
Confesso que cansa, são 15kg, e para além do peso, qualquer coisa que eu faça tem uma criança na perna ou no braço. Confesso também que as vezes chego perto, bem perto da impaciência, porque nesses dias me vejo mais em segundo plano que de costume e aí parece que as coisas não andam. Mas não nego, colo não nego porque no fim o abraço sempre acaba me fazendo bem também.
Talvez eu saiba de onde vem tudo isso, há duas semanas ela entra na escola 2h mais cedo, o que, consequentemente, significa a diminuição do nosso tempo juntas pela manhã. Minha mãe disse "Stefânia, é medo de perder", e eu acredito que seja isso mesmo. Imagina se ela não sentiria essa mudança quando sempre teve a mãe por toda manhã, no horário do almoço e então se vê compartilhando esse momento com outras pessoas. Ela está sentindo.
Quando estou prestes a perder a paciência com tanto chamado, lembro que ela não pediria aconchego se não precisasse. Como eu nego algo que ela realmente precisa? Como eu ignoro as mãos no ar? Sempre que possível lembro a ela que sempre que precisar estarei aqui, o contato é a melhor forma de fortalecer essa lembrança.
Acredite, acontece mais coisas no colinho em silêncio que nos outros momentos do dia.
Stefânia Acioli
0 comentários